Imagem: Getty Images
É uma obviedade que as redes sociais vieram aproximar os atletas do público, sobretudo quando há momentos de interação genuínos. Thomas De Gendt prepara-se para a 18ª época como profissional, 12 das quais no WorldTour, e antes de partir para estágio com a Lotto-Dstny abriu o livro no Twitter numa sessão de perguntas e respostas com os seguidores.

De tudo o que disse, uma das histórias mais curiosas envolve Rúben Guerreiro e o Giro de Itália de 2020, onde ambos lutaram pela classificação da montanha – embora tenha sido Giovani Visconti o principal rival do Cowboy de Pegões Velhos.
Perguntado sobre os maillots edição limitada que a EF tem apresentado no Giro, o belga contou que Rúben Guerreiro lhe ofereceu o maillot do patinho por De Gendt ter abdicado de lutar pelos pontos da montanha numa das etapas finais da prova quando matematicamente ainda podia ganhar essa classificação. O gesto é De Gendt em estado puro e mostra que o Cowboy também não lhe fica atrás em carisma.

10 horas para honrar a Milão-Sanremo
Residente na Comunidade Valenciana durante o inverno, é conhecida a paixão de Thomas De Gendt pela Espanha. Na Volta à Catalunha, por exemplo, sente-se em casa e já aí ganhou cinco etapas – ele que é especialista a ganhar em provas WorldTour onde somou 15 das 17 vitórias na carreira.
Há alguns aspetos que se destacam numa trajetória tão longa: ter etapas conquistadas nas três grandes Voltas e em oito das provas por etapas mais icónicas do calendário (exceto Tirreno-Adriático e País Basco).
Poderia Thomas De Gendt ter sido um voltista com ambições de classificação geral se tivesse apostado por esse caminho após o 3º lugar no Giro de 2012?
“Teria sido um corredor de top 15 na geral. Mas teria que ter seguido uma dieta estrita e um programa de treino. Não teria ganho o que ganhei e já seria um corredor retirado atualmente”,
responde a um usuário.
Desse sonho cor de rosa e da vitória no Stelvio ficam várias certezas: o ataque não foi planeado e De Gendt não o fez com intenção de ganhar o Giro já que só visava a etapa.
Em grandes Voltas essa não é a única recordação positiva. O belga recordou o Giro de 2014 (ajudou Rigoberto Urán a ser 2º nos tempos da Quick-Step), as Vueltas de 2017 (venceu em Gijón e a Lotto ganhou outras três etapas) e 2018 (foi rei da montanha), além do Tour de 2019 (vitória em Saint-Etiénne e Caleb Ewan a ganhar nos Campos Elísios). “Todas as grandes Voltas têm os seus altos e baixos, mas a maioria foram ótimas”, conclui De Gendt que em 2022 obteve no Tour o triunfo mais emocional da carreira por ter sofrido nos dias prévios.

Thomas De Gendt é diferente. Só um corredor como ele poderia fazer 10 horas e 303km para homenagear a Milão-Sanremo em pleno confinamento pela pandemia. Não há muitos ciclistas com este perfil, mas na hora de apontar o sucessor para fazer sofrer o pelotão o belga encontrou em Brandon McNulty a figura ideal. Terá o americano da UAE a mesma categoria que De Gendt?
Por: Gonçalo Moreira
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