João Lopes 52 anos, natural de Carcavelos, participou há poucos dias nos Jogos Europeus para Dialisados e Transplantados.
A história de João Lopes é de superação.
Foi diagnosticado em 2016 com aplasia medular severa, uma doença autoimune, que lhe causou enormes problemas e limitações que só terminaram com um transplante de medula óssea no ano seguinte.
Depois de um 2016 de má memória, com vários dias passados na cama do hospital, em abril de 2017 surgiu um dador compatível, tendo sido o transplante efetuado no final desse ano.

Por causa da doença, as dúvidas eram muitas. João nem sabia se iria voltar a ter uma vida normal, quanto mais pensar em desporto e muito menos em medalhas.
Praticante de ciclismo de longa data, embora sempre numa vertente mais amadora e não tanto de competição, João teve conhecimento das provas para atletas dialisados e transplantados ao ver uma etapa da Volta a França, na qual os comentadores falaram sobre o assunto.
A partir daí João tentou perceber melhor do que se tratava. Depois de tantas dúvidas, aliadas a alguma angústia e sofrimento, o João conquistou uma medalha com as cores nacionais.
O inesperado caminho até à medalha de prata

Foi no final de agosto, nos European Transplant and Dialysis Games Oxford 2022 – Jogos Europeus para Dialisados e Transplantados, que João conseguiu tal proeza.
O ciclista de Carcavelos, aos 52 anos, marcou presença na prova que decorreu em Oxford, de 21 e 28 de agosto, representando o GDTP – Grupo Desportivo de Transplantados de Portugal, conquistando a medalha de prata na prova de estrada de ciclismo.

João ficou em 2.º lugar na prova de estrada de 21 quilómetros, naquela que foi uma estreia de sonho, numa competição destinada a todos os que sofreram uma substituição de células, tecidos ou órgãos vivos, ou que estejam a fazer tratamento, prova em que a comitiva portuguesa representada por oito atletas, obteve uma prestação honrosa, conquistando um total de dezasseis medalhas.
Sinto um enorme orgulho! Conquistar uma medalha na estreia foi fantástico”.
Desafiado a relatar a prova, João diz o seguinte:
Foi uma prova muito tática em que penso ter optado por uma estratégia correta. Trouxe a medalha de prata, mas acredito que o ouro tinha sido possível, mas, tal como é característico neste tipo de prova, as coisas mudam a qualquer instante. Conquistei a prata, e o ouro ficou a escassos segundos.”
Muito mais que a medalha

Para João, a conquista da medalha foi motivo de orgulho, mas considera que há muito mais a destacar que isso.
João considera que a melhor conquista foram as experiências vividas e amizades conquistadas nos dias que passou em Oxford, destacando as boas condições e boa organização da prova.
Além da medalha, o melhor mesmo foi ter conseguido chegar a Oxford. Adorei participar! Foram dias de desenvolver grandes amizades, numa intensa partilha de histórias muitas semelhantes à minha. Histórias de superação e motivação”.
Eternamente grato ao dador compatível
João Lopes mostra-se eternamente grato ao seu dador compatível.
Embora não o conheça, porque o programa de dadores assim o exige, João não se esquece de quem lhe permitiu voltar a ter uma vida normal.
Quando conquistou a medalha de prata, João efetuou uma publicação na sua página pessoal do Facebook a agradecer isso mesmo, com a seguinte mensagem.

Mundiais de Perth já estão no horizonte
Depois desta prestação meritória em Oxford, no horizonte de João já estão os Mundiais de Perth, Austrália, já em 2023.

João garante que vai tentar marcar presença na prova que decorre já em abril do próximo ano, em conjunto com os restantes elementos dos GDTP – Grupo Desportivo de Transplantados de Portugal, que apelida de ‘família’.
A motivação competitiva está lá, mas muito para além disso estão as amizades e trocas de experiências enriquecedoras, de quem viu a vida por um fio, e está agora agradecido à oportunidade que a ‘nova’ medula lhe deu.
Futuro? Ter saúde e boa disposição

Em relação ao futuro, João é bem claro naquilo que pretende!
Ter saúde e boa disposição, para continuar a enfrentar a vida e se possível, continuar a divulgar estas provas e os atletas que nelas participam”.
O caso de João Lopes demonstra-nos que não devemos ceder facilmente às adversidades da vida.
Ora vejamos a sua trajetória de vida nos últimos anos. Em 2016 João estava doente e a aguardar por um diagnóstico, que por sinal, não se revelou nada meigo, aplasia medular severa, que obrigou a um transplante de medula óssea. No ano seguinte, em 2017 surge o dador compatível e ainda nesse ano é transplantado com sucesso. Em 2022 ganha uma medalha de prata nos Jogos Europeus para Dialisados e Transplantados.
Desejamos que esta história encorajadora e motivante possa servir de alento para todos aqueles que enfrentam problemas semelhantes.
Por: Nelson Ferreira
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