Giro – Chega a montanha no Gran Sasso

Giro – Chega a montanha no Gran Sasso

Um laboratório subterrâneo, uma missão da II Guerra Mundial que parecia impossível e o Marco Pantani. Na 7ª etapa apresentamos o Gran Sasso de Itália.

“Ti amo” é um espaço de amor à cultura italiana e ao Giro. É também uma música de Umberto Tozzi. Proponho 21 histórias para 21 etapas.

Gran Sasso – Grande Pedra – de Itália é um maciço localizado entre as cidades de L’Aquila e Teramo, na região de Abruzzo. São 26km, mas pelo facto de se localizar numa meseta só são realmente duros os últimos 4km (média de 8%).

Marco Pantani não conhecia a subida, mas soube ler a pouca dureza do Gran Sasso. Respondeu a um ataque de Chava Jiménez a 3km da meta e despachou a concorrência no primeiro teste montanhoso do Giro de 1999.

O perfil da subida ao Gran Sasso de Itália na 7ª etapa do Giro deste ano.

Era o ano pós-dobradinha Giro-Tour do Pirata. Numa montanha coberta de neve Pantani começou o Giro da despedida. Ficaria gelado semanas mais tarde quando teve que deixar a corrida a dois dias do final e com a maglia rosa no bolso por superar os valores legais de hematócrito – estes testes foram introduzidos no ciclismo em 1997.

Ganhou Ivan Gotti, insultado pelos colegas do pelotão no Gran Sasso. A Mapei de Gotti foi a única equipa a aceitar todos os testes antidoping que o CONI impôs nesse Giro aos ciclistas italianos.

Escudo protetor de raios cósmicos

Parte do que torna esta montanha em misteriosa é o que não se vê. Nas entranhas rochosas situa-se o Laboratori Nazionali del Gran Sasso – a maior instalação subterrânea do mundo dedicada à investigação de física de partículas e fenómenos subatómicos raros.

O facto de parte do laboratório estar protegido por 1400m de rocha dolomita torna o Gran Sasso num gigante escudo protetor de raios cósmicos.

Concebido nos anos 70 e concluído nos 80 ao laboratório acede-se por um dos dois túneis (com 10km de extensão) que perfuram a montanha e ligam Roma à costa do Adriático via autoestrada A24. Um desvio leva à entrada quase “secreta” do laboratório como se estivéssemos num filme.

A montanha que prendeu Mussolini

Também há história associada a este pico dos Apeninos, mas para isso é preciso chegar aos 2130m de altitude. Aqui, em julho de 1943, chegou o detido Benito Mussolini.

A esta altitude a montanha recebe o nome de Campo Imperatore, um nome captado numa transmissão de rádio pelo espião alemão Herbert Kappler e que deu origam à Operazione Quercia – 90 paraquedistas comandados pelo capitão das SS Otto Skorzeny aterraram no Gran Sasso e libertaram Mussolini. O único acesso ao topo era por teleférico e os italianos acreditavam que o segredo e o terreno inviabilizam um ataque.

Em 2022 cumpriu 100 anos o último dos carabinieri que estava de serviço em Campo Imperatore. Fernando Tascini contou ao La Republicca que o Duce era um homem cabisbaixo, taciturno e pouco falador. Segundo Tascini, naquele dia Mussolini ficou na dúvida de se estava a ser libertado pelos nazis ou capturado pelos americanos.

O hotel de Campo Imperatore será restaurado e a obra vai custar 3,8 milhões de euros. Espera-se que revitalize o turismo termal no Gran Sasso e preserve a memória de um dos episódios curiosos da II Guerra Mundial.

Subscreve a newsletter semanal para receberes todas as notícias e conteúdo original do TopCycling.pt. Segue-nos nas várias redes sociais Youtube , Instagram , Twitter , e Facebook.

Noticias relacionadas

Entrevista Valentin Paret-Peintre: “Sonho com o Mundial de 2027”

Entrevista Valentin Paret-Peintre: “Sonho com o Mundial de 2027”

António Morgado no pódio com Evenepoel e Van Aert na Flèche Brabançonne 2025

António Morgado no pódio com Evenepoel e Van Aert na Flèche Brabançonne 2025

Ivo Oliveira bisa no Giro d’Abruzzo

Ivo Oliveira bisa no Giro d’Abruzzo

Ivo Oliveira vence no Giro D’Abruzzo com ataque impressionante

Ivo Oliveira vence no Giro D’Abruzzo com ataque impressionante

Utilizamos cookies para garantir a funcionalidade e melhor experiência de navegação no nosso site. Saber mais