Alberto Contador está em Portugal para promover a marca de bicicletas que fundou, a Aurum, cujo importador no nosso país é a empresa First Bike.
A convite da First Bike fui até Cascais para pedalar numa Aurum com Alberto Contador, juntamente com outros entusiastas do ciclismo e fãs do Pistolero.
Com um temporal pelo meio (vento e chuva fortes nessa manhã), o dia não estava convidativo para uma volta de bicicleta pelo que não compareceu muita gente, algo que acabou por ser positivo pois pudemos desfrutar da companhia do histórico ciclista espanhol de uma forma mais tranquila.

No vídeo podes ver a breve volta de bicicleta que fiz com Alberto Contador e restantes ciclistas que se deslocaram até à loja First Bike Cascais, assim como a posterior conversa que mantive com o Pistolero, perante a plateia de fãs do ciclista e da marca Aurum.
Confere abaixo o vídeo com a conversa completa com Alberto Contador.
Os campeões são feitos de uma cepa diferente
Ter Alberto Contador por perto é uma oportunidade única para falar acerca de temas atuais do ciclismo e dos negócios do setor da bicicleta.
É também ter acesso a um ex-atleta que sabe o que é liderar, responder sob pressão e ganhar as maiores corridas. Ficamos logo com uma certeza: os campeões são feitos de uma cepa diferente e não é só na capacidade atlética, mas também na forma de estar e de pensar.
Seis anos após ter terminado a carreira de ciclista, o madrileno continua a ser focado e profissional em tudo o que faz.
Contador já não tem grandes Voltas para conquistar, mas confessa que além de ter uma equipa de ciclismo (Eolo-Kometa) e de ser comentador no Eurosport, necessitava um grande desafio e a Aurum veio preencher esse espaço.
Fundou a marca com o amigo Ivan Basso o que trouxe à conversa o mercado das bicicletas, a importância da globalidade das marcas, a comunicação e a qualidade dos produtos.

João Almeida e Juan Ayuso
Alberto Contador acredita que João Almeida pode ganhar uma grande Volta, se tiver um pouco mais de evolução, algo que vê possível tendo em conta a idade do português.
No entanto, quando refere as grandes voltas possíveis de vencer, não refere o Tour de France.
“Acredito que é possível um dia João Almeida poder vencer um Giro de Itália ou uma Vuelta a Espanha.”
Alberto Contador ao TopCycling
Falando de juventude, seria impossível passar ao lado dos jovens espanhóis e do futuro do ciclismo espanhol no panorama das grandes voltas, nesse aspeto Alberto Contador diz que em Espanha estão felizes com a nova geração de ciclistas.
“Em Espanha estamos muito felizes porque tanto Carlos Rodriguez, como Juan Ayuso ou Enric Mas têm sido protagonistas nas corridas onde entram … ao contrário de outros países com tradição no ciclismo, como França ou Itália, que neste momento não têm nenhum ciclista com condições de vencer, nem fazer pódio numa grande volta.”
Alberto Contador ao TopCycling

Quando questionado acerca do facto de Juan Ayuso estar numa equipa com vários líderes, poder ser um obstáculo para o sucesso do jovem espanhol no Tour de France, Contador faz análise idêntica para Juan Ayuso e João Almeida, que assinaram contrato com uma equipa que tem um líder indiscutível, Tadej Pogacar.
Na leitura de Alberto Contador, por muito que um ciclista queira vencer, quando assina contrato com uma equipa poderosa como a UAE Team Emirates deve saber que estando na mesma corrida que Pogacar terá que trabalhar para o esloveno (salvo uma situação imprevisível).
Contador sempre foi conhecido pela sua irreverência, pela sua vontade de vencer e por não ter medo de atacar, recordarei para sempre os ataques que fazia a Rasmussen na etapa 15 do Tour de France de 2007, corrida que viria a vencer com 24 anos de idade.
A Jumbo-Visma e a ambição dos ciclistas
Em conversa com o TopCycling também quisemos ouvir Alberto Contador sobre o que se passou dentro da Jumbo-Visma na Vuelta a Espanha.
Afinal foi justo que Primoz Roglic e Jonas Vingegaard dessem um passo atrás favorecendo Sepp Kuss?
“Com Kuss na frente, tanto Roglic como Vingagaard não tinham outra escolha senão parar, por muito que Roglic tenha estado dois meses a preparar-se e a passar fome para conseguir a quarta vitória na Vuelta (que era um recorde) ou que Vingegaard tenha sentido que podia vencer a Vuelta depois do Tour (algo difícil na mesma temporada). Não tinham outra opção senão fazer o que acabaram por fazer, que foi apoiar Sepp Kuss.”
Alberto Contador ao TopCycling

“Tadej Pogacar seria o meu ídolo”
Vivemos uma era de ouro no ciclismo. A cada ano surgem novos ciclistas que dão espetáculo na estrada, tanto nas clássicas como nas grandes voltas. É uma era de fenómenos que enriquecem e ajudam à globalização da modalidade.
E se Alberto Contador tivesse hoje em dia 12 anos quem teria como ídolo?
“Tadej Pogacar seria o meu ídolo porque é um ciclista que pode vencer qualquer corrida no planeta! Pode vencer uma Flandres, uma Sanremo, uma Lombardia. Acredito que se se propusesse a isso podia vencer até uma Paris-Roubaix, mas também pode vencer um Giro, um Tour ou uma Vuelta. É único e por isso seria o meu ídolo.”
Alberto Contador ao TopCycling
Abordámos ainda temas como a possibilidade de um ciclista conseguir conquistar a vitória das três grandes voltas numa só temporada (algo que Alberto Contador tentou fazer em 2015), vê o vídeo para ouvir o que diz o Pistolero acerca deste tema, quem seriam os ciclistas da atualidade capazes de o fazer, e como?
O Pistolero continuará a trabalhar partindo em digressão com a Aurum a fim de lhe conferir mais personalidade e criar laços com os fãs de ciclismo.

Da minha parte foi um gosto, obrigado Alberto Contador e First Bike.
Por: Luís Beltrão
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