TopCycling com a campeã de Itália que arranca 2024 de olhos postos no Giro. Lidl-Trek ainda procura vencer uma “grande”.
Podemos ter um ano terrível no plano profissional e fantástico a nível pessoal? Podemos e Elisa Longo Borghini é a prova disso.
O ano de 2023 não lhe podia ter corrido pior no Giro de Itália – caiu quando atacava a liderança – e no Tour de France – abandonou por doença. É injusto dizer que foi uma época má: por cada baixo teve um alto.
Às quedas (Giro e Paris-Roubaix) e ao Covid (Strade Bianche) respondeu sendo 3ª na Flandres, 2ª na Liège, vencendo etapa no Giro e dominando os Nacionais.
O ciclismo é apenas uma vertente da vida e a líder da Lidl-Trek finalizou o ano em alta casando com o coelga Jacopo Mosca. Juntos iniciam a época motivados e têm nos planos criar uma escola de ciclismo.
Giro parecia sorrir a Elisa na passada edição
Elisa Longo Borghini tem sido a grande ciclista italiana desta geração graças a vitórias como Paris-Roubaix, Volta à Flandres, Troféu Alfredo Binda e Strade Bianche. Também conquistou medalhas de bronze em dois Jogos Olímpicos e em dois Mundiais.
É um grande currículo onde faltam vitórias, sobretudo no Giro, que correu 11 vezes. Fez dois pódios e em abos perdeu para Anna van der Breggen, provando que o timing é importante.
A corredor de Piemonte apresentou-se na Società Ciclista “Severino Canavesi”, situada em Gorla Maggiore mesmo ao lado de Ornavasso de onde é natural.
O clube onde deu as primeiras pedaladas honra um campeão de Itália de 1945 e duas vezes pódio no Giro; se Elisa vive o apogeu das neerlandesas, Severino apanhou Gino Bartali e Fausto Coppi.
Não atirou a toalha no Giro
O Giro parecia sorrir-lhe na passada edição. À 5ª etapa corria em casa e ao estilo Longo Borghini atacou Annemiek van Vleuten na descida de Sant’Ignazio.
Apenas 49 segundos na geral entre as duas fizeram tremer a maglia rosa, mas foi a italiana que acabou fora da estrada.
Ao conversar com a líder da Lidl-Trek fico convencido de que não atirou a toalha no Giro. Embora admita que tem sempre um dia mau sabe que o bloco de 2024 é mais forte.
Internamente a fasquia subiu. O novo patrocinador trouxe melhores condições técnicas, maior exigência e as corredoras interiorizaram a mensagem de que há que subir o nível.
“Não sou a única líder nas provas por etapas. Temos a Lizzie [Deignan] que está de regresso à melhor forma, além da Gaia [Realini] e da Shirin [van Anrroij] que são jovens talentosas.”
Elisa Longo Borghini ao TopCycling.
Ganhar uma etapa no Tour e uma grande Volta.
Primeiro haverá o ataque às clássicas do pavê – Deignan e Longo Borghini fazem equipa com Elisa Balsamo e a regressada Ellen van Dijk – e a partir de maio concentração na Vuelta, no Giro e no Tour onde recebem a companhia de Realini.
A trepadora sensação de 2023 tem talento para discutir as maiores corridas do calendário, prova disso foi o facto de na primeira época como profissional Realini ter feito pódio na Vuelta, no Giro e na Volta a França do Futuro que foi ganho por outra Lidl-Trek, Shirin van Anrooij.
A neerlandesa também se estreou a ganhar no WorldTour ao vencer o Troféu Binda mostrando que na estrutura há talento para fazer algo que a Lidl-Trek não fez em cinco temporadas no pelotão: ganhar uma etapa no Tour e uma grande Volta.
O primeiro Giro feminino organizado pela RCS
Parte de Brescia, a 7 de julho, e finaliza em L’Aquila, no dia 14, o primeiro Giro feminino organizado pela RCS.
O percurso tem 12 mil metros de acumulado divididos em contrarrelógio individual, duas etapas planas, três de média montanha e duas de alta montanha com finais em alto.
“É importante para o ciclismo feminino, uma grande primeira vez e um passo adiante para o nosso movimento. A minha ambição é ganhar o troféu. É o sonho para todas nós. Gosto muito do Giro, é uma corrida onde nunca podes baixar a tensão porque mesmo as etapas planas são desafiantes. O contrarrelógio de Brescia é perfeito para o tipo de atleta que sou, mesmo que tudo se vá decidir na segunda parte, que está repleta de subidas exigentes”.
Com Van Vleuten retirada a italiana terá que medir forças com Juliette Labous. Em entrevista ao TopCycling a francesa contou querer melhorar o 2º lugar de 2023.
O ponto mais alto, Cima Alfonsina Strada, está no Blockhaus e tem o nome da primeira mulher a competir no Giro, em 1924. A corrida abre com um contrarrelógio com 14,6 km planos em Brescia; na 2ª etapa partem do Lago Garda e acabam em Volta Mantovana (102 km) num circuito de favorável às sprinters.
Ao terceiro dia começam por atravessar o vale do rio Pó antes de finalizarem com 12 km de subida até à meta em Toano num total de 111 km. A aproximação à meta traz o primeiro prémio de montanha do Giro: La Collina tem pendente média de 6 %.
Decisões no Tríptico dos Abruzos
Com 133 km a 4ª etapa apresenta uma dinâmica parecida com a anterior. Partem de Imola e finalizam em Urbino, passando pelos Apeninos da Romagna e San Marino.
As decisões no Tríptico dos Abruzos estão agendadas para o último fim de semana. Antes disso deve haver sprint na 5ª etapa que tem 111 km ondulantes até Foligno. A 6ª etapa é uma sucessão de subidas e descidas entre vales ao longo de 155 km, num total de 10 colinas e com meta em Chieti com inclinações superiores a 10 %.
A etapa rainha é a 7ª e tem 3600 m acumulado com duas subidas ao Passo Lanciano – a última até ao Blockhaus. O Giro acaba em L’Aquila; para lá chegar é preciso subir a Castel del Monte que se situa na base do Gran Sasso e abordar a meta via subida de Acquasanta.